A Neuro-Mecânica dos Mudrās

Neuro  mecânica dos mudrasPor: Dr. Swami Gitananda

Presidente da
Yoga Jīvana Sat Saṇga
Adhyātma Yoga SādhanaSaṇga
Viśva Yoga Samaj

 

“Trabalho enviado para o IV Congresso Internacional de Professores de Yoga”
Bertioga – SP – Brasil 16 a 23 de Novembro de 1973

O observador casual do Yoga poderá facilmente ser levado a acreditar que a beleza do gesto ou da força do esteta é o que evoca o Devatta, inteiramente simbólico. Nada poderia estar mais distante da verdade.

Existe uma boa base para se aceitar que o Mudrā controla o processo mente-cerebro e as funções dentro do sistema nervoso através da união de vários terminais nervosos, da função do simpático e para-simpático. É aceito na neurologia o fato de que o sistema nervoso humano é dividido em sistemas de aflexos e reflexos. O sistema aflexo dá respostas sensoriais, bem como respostas motoras. O sistema reflexo se parece mais com o fio de um sistema elétrico de alta voltagem.

No Yoga, o corpo humano pode ser dividido em 10 partes distintas, 5 de cada lado de um meridiano desenhado do centro do corpo, do topo da cabeça até a base da espinha e mãos. O corpo pode ser ainda dividido em 10 áreas prāṇicas, onde as 5principais correntes prāṇicas governam a cabeça, e as outras o peito, abdômen, a pélvis e as extremidades. As 5 correntes menores são as mais sutis, e estão dentro de áreas  nervosas especificas.

A verdadeira função do Prāṇāyāma é controlar essas 10 correntes de Prāṇa Vāyu e Prāṇa Vāhaka ou impulsos nervosos que se movimentam nosNāḍīs ou nervos, os 5 corpos do homem (Pañca Kośa).

As correntes nervosas dos Prāṇa-Nāḍīs no Annamaya Kośa (corpo físico) e do Prāṇamaya Kośa (corpo vital) fluem através do cérebro para a espinha e nervos periféricos e terminam nos tendões. O copo humano é, portanto dividido em 10 áreas prāṇicas.

Quando os dedos das mãos estão unidos no Hastha Mudrā, os nervos específicos como no Jñāna Mudrā estão unidos num circuito nervoso fechado. Os dedos que não estão sendo usados representam um circuito nervoso aberto. Se as mãos estiverem unidas (como na Namaskāra Mudrā), os circuitos nervosos cranianos da cabeça e da parte superior do corpo no sistema pneumogástrico ou vago estão unidos.

Se as mãos forem colocadas paralelamente alinhadas (como no Yoni Mudrā) então, os nervos vago e facial são unidos por um circuito fechado. Se as mãos estiverem unidas junto aos pés (como no Yoga Mudrā), o sistema vago estará num circuito fechado com os nervos cérebro-espinhais. Quando se efetua a postura Parva Āsana todos os sistemas nervosos do corpo são colocados numa ação turbulenta. A Parva Āsana é usada pelo Yogui para se ver dentro de suas existências passadas, para lembrar de vidas passadas. E às vezes também camada de Pūrva Jñāna Mudrā ou Parva Mudrā.

Existem pesquisas sendo realizadas agora para se verificar a maneira que os Mudrās afetam toda a personalidade. O conhecimento disso foi primeiramente compreendido por nossos Ṛṣis.

O propósito dos Āsanas é unir esses mesmos terminais nervosos, de maneira única nas várias posturas. Esta é uma boa razão para que Āsanas, Kriyās e Mudrās sejam feitas corretamente. Do contrário a postura será um gesto sem significado e não aquilo que  é compreendido nos ensinamentos profundos do Yoga.

(As correntes nervosas Prāṇa-Nāḍī originam-se no cérebro, fluem através dos nervos pneumogástricos até os seus membros correspondentes nos dedos das mãos. A polaridade adequada do corpo é mantida pela prática de Prāṇāyāma enquanto se realizam Mudrās adequados).

Prāṇa Mudrā

Uma das maneiras mais surpreendentes de como os Mudrās realmente controlam as funções do corpo pode ser vista no grupo de Mudrās usadas no Yoga para o controle de vários seguimentos lobulares dos pulmões. O pulmão direito é dividido em três lóbulos separados ou áreas; um lóbulo inferior, mais abaixo e abdominal, um médio entre-costal e um lóbulo alto, apical, clavicular ou superior. O pulmão esquerdo possui somente um lóbulo alto e baixo exceto em casos muito raros. O lóbulo médio é atrofiado por causa da posição do coração quando estamos em pé, posição que adotamos em nosso estado humano.

Cada um desses três lóbulos é controlado por uma parte do cérebro chamado Aprasakaśā Bindu. É equivalente ao centro respiratório na medula oblongada. O centro respiratório é divido em três áreas. A área mais baixa chama Chin Bindu, governa a respiração abdominal. A área média chamada Chinmaya Bindu, governa a respiração entre-costal ou média, enquanto a área alta do centro respiratório chamado Adhi Bindu, governa a respiração alta ou clavicular. Todo o Aprakāśa Bindu é dividido em dois segmentos, um governando a inspiração e o outro lado governa a expiração. Os nervos que saem da parte mais baixa são os primeiros nervos espinhais.

1. Brachium Posterior
2. Brachium Olfactorium
3. Corpus Restiforme
4. Tuberculum Acusticum
5. Nucleus Cuneatus

Os impulsos de uma natureza atômica erguem-se da área mais baixa desta parte vegetativa do cérebro, enviando impulsos nervosos através do nervo frênico. Este par de nervos excita a respiração diafragmática.

O termo Yoga para respiração diafragmática e Adham Prāṇāyāma. O Mudrā que controla está área é chamada de Chin Mudrā. Os impulsos conscientes que são levados até o córtex cerebral na parte superior do cérebro produzem impulsos na parte média do Aprakāśa Bindu, enviando sinais através dos nervos Vago ou Pneumogástrico para a respiração intercostal. Esta respiração é chamada de Madhyam Prāṇāyāma e é controlada pelo uso do Chinmaya Mudrā.

A respiração Apical na área superior dos pulmões é realizada através de impulsos que surgem de dentro do córtex cerebral da parte consciente do cérebro, enviando impulsos mentais para dentro da parte superior do centro respiratório. O Mudrā para controlar a respiração alta é o Adhi Mudrā.

Cada lóbulo dos pulmões pode ser inflado ou desinflado independentemente, um do outro, pelo uso de Mudrās apropriadas com uma mão enquanto a Śūnya Mudrā é feito pela outra mão. Somente um lóbulo será inflado por vez para ver o fluxo de ar lado a lado na área apropriada dos pulmões.

O Brahma Mudrā é usado para a respiração completa. Controla todos os segmentos do Aprakāśa Bindu, o centro respiratório do cérebro. Quando este Brahma Mudrā é realizado por uma respiração profunda e completa como Mahat Yoga Prāṇāyāma, observa-se que os lóbulos baixos inflam-se primeiramente, depois os lóbulos médios e finalmente os lóbulos altos, numa respiração vagarosa e consecutiva.

É interessante observar que o significado da antiga palavra em Sânscrito “Brahma” é “respiração”.

Estes Mudrās conhecidos pelos antigos Ṛṣis Yogis para o controle da respiração são apenas alguns, de centenas de Mudrās usados no Yoga e Tântra para o controle do corpo, suas funções, para o equilíbrio das emoções, da mente e para o despertar, controle e culminação da Kuṇḍalini Śakti na união suprema do “Eu com o Eu”.

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