Mudrās

Por:Mudras Dr. Swami Gitananda
Presidente da:
Yoga Jīvana Sat Saṇga
Adhyātma Yoga Sādhana
Saṇga Viśva Yoga Sanaj

UM ESTUDO SOBRE A LINGUAGEM DE GESTOS DO HINDUÍSMO, YOGA E TÂNTRA. LINGUAGEM DA MÃO, DO PÉ, DAS PARTES DO CORPO, DAS EMOÇÕES, DA MENTE E DA PSIQUE.

O significado tradicional atribuído ao termo sânscrito “Mudrā” é de sinete, gesto ou como prática dos Yoguins. O Kulanarva descreve Mudrā como originando-se de “mud”, que significa deleite, encanto ou prazer, e de “dravay” a forma casual de “Dru”. No Hinduismo clássico, inclui-se Nyāsa na ciência do Mudrā. Antigos mestres são de opinião que o Mudrā tem 4 aspectos ou poderes distintos: 1 – O Mudrā agrada a deidade que está sendo adorada ou invocada; 2 –  atrai a compaixão da deidade invocada; 3 – “fundido”, isto é, abrandando, enternecendo a mente da deidade, o adorador ganha controle sobre essa força; e, por último, para o místico, o Mudrā permite controlar as poderosas forças da deidade, que se manifesta através da psique, da mente e do corpo. Nyāsa é uma linguagem similar de gestos e símbolos, que dedica as várias partes do corpo às diferentes deidades. No culto Hindu, Nyāsa vem geralmente acompanhada de Mantras apropriados (poderosos sons articulados), encantamentos, runas (letras rúnicas) e do Mudrā correspondente, gesticulação das mãos, dos pés e, às vezes, do corpo inteiro.

Ambos, Yoga e Tântra, utilizam o termo “Mudrā” em seus manuscritos antigos, apesar de certas fontes autorizadas antigas jamais mencionarem este termo. Patañjali, o codificador do Yoga Sūtra, não menciona o uso de Mudrā, nem emprega essa palavra. Mas Patañjali também não menciona nem a Kuṇḍalinī, nem sua Śakti, tão intimamente associada ao Anṭaraṅga, que é o aspecto mais oculto do Yoga. O Tântra usa a palavra “Mudrā” de inúmeras maneiras, algumas grosseiras e profanas, e outras sublimes e sagradas. Uma obra antiga de Tântra afirma que “Mudrā” é o símbolo místico para o número 18. Em Yantra, simbologia e semiologia mística do Hinduismo, afirma-se que Mudrā é a significação secreta, anterior a arte de escrever e de ler. Yantris afirmam que Mudrā é uma linguagem simbólica, na qual mensagens secretas podem ser enviadas entre indivíduos ou entre a mente e o corpo, via sistema nervoso. Mudrās e Nyāsa são usados como uma linguagem corporal nas antigas danças de Matya, da Índia, e, na verdade, tornam-se a linguagem de Kathakali de Malabar.

Os mudrās não se limitam somente a Índia, nem ao Hinduismo. Nos textos budistas aparece muito o termo “Mudda” que é a palavra Pali para o sânscrito Mudrā. Indubitavelmente, o termo tornou-se popular pela inclusão do Tântra Hindu nas cerimônias budistas agora popularmente chamadas de Budismo Tântrico, embora mais corretamente intituladas Vajrayāna.

Os mágicos da antiga Pérsia empregaram Musaru ou Muzra, isto é, o Mudrā, nos seus ritos sagrados. Musaru é de origem babilônica, assim como a maioria dos ensinamentos místicos do Oriente Próximo, dando origem ao antigo conceito hebreu de Mudrā, como sinete. No Primitivo Cristianismo místico, o Mudrā significa “os sete sinetes” de São João, o Divino, no seu Apocalipse o livro das revelações. Os mudrās têm um papel importante nas cerimônias dos Zen-Budistas do Japão e entre as seitas budistas japonesas de origem Tântrica, ou aquelas que adotaram as práticas Tântricas. Os Sufis do Islão empregam o Mudrā numa valorização simbólica dos gestos nas cerimônias. No sufismo, que é o misticismo mais evoluído do Islão, faz-se alusão a 15 Mudrās, que são descritos como atitudes mentais e físicas, durante o curso da oração canônica. Os Jainistas da Índia também tem seus Mudrās. Uma obra Jainista, Mudrā Vikāradescreve 73 gestos, enquanto outra obra, Mudrāvidhi registra 114 Mudrās. A maior parte dos Mudrās de outras religiões são idênticos aos usados no Yoga ou Tântra da Índia.

No Yoga, o Mudrā tem um significado especial e, em alguns casos, é considerado um Yoganga, isto é, um ramo independente do Yoga. Em Yantra, o Mudrā Yoga é considerado uma escola de exercício, onde mãos, pés, corpo, emoções e mente são usados em gestos reais ou simbólicos. HaṭhaPradīpikā também declara que o Mudrā é um Yoganga. O Śiva  Saṁhitā  classifica 10 mudrās. O Gheraṇḍa Saṁhitā classifica 25 Mudrās, empregando 100 versos para descrevê-los, enquanto que o mesmo autor usa somente 96 versos para descrever Prāṇāyāma e apenas 5 versos para descrever Pratyāhāra. Swatmarama Suri dedica um capítulo inteiro ao Mudrā, assim como o faz o Haṭha  Pradīpikā, mencionado há pouco.

Destas e de outras fontes de Yoga, podemos elaborar uma lista de, aproximadamente, 58 Mudrās clássicos, usados na prática de Āsanas, Kriyās e Mudrās no Haṭha Yoga; e na prática de Prāṇāyāma e Pratyāhāra no Laya Yoga Kriyās. Há ainda um grupo de Mudrās recomendados paraDhāraṇā (concentração) e Dhyāna (meditação). Se penetrarmos no Tântra Yantra, descobriremos aproximadamente 729 Mudrās clássicos.

MUDRĀS DO HAṬHA YOGA

O termo Mudrā, em Haṭha Yoga, significa neuro-muscular que aumenta as secreções das glândulas endócrinas ou exócrinas. Comumente emprega-se pressão suficiente para manter a posição do Mudrā, de modo que, involuntariamente, os músculos são chamados a trabalhar, estimulando cadeias de nervos situados ao longo das cadeias desses mesmos nervos involuntários.

Na mais elevada as práticas do Yoga, o Adhyta Yoga, o Mudrā torna-se um gesto psico-mental, controlando as mesmas funções que os Mudrās do Haṭha Yoga. Primeiramente, é necessário aprender os Mudrās físicos, para depois atingir controles superiores.

Viparīta Karaṇi Mudrā – Viparīta significa “virado de pernas para o ar” e qualquer postura como a Sarvagāsana (pouso nos ombros) ou Shirsāsana (pouso na cabeça) podem corretamente ser chamadas de Viparīta, mas o Mudrā Viparīta Karaṇi é reservado para a postura de pouso nos ombros, onde o peso do corpo é mantido pelas mãos, que sustentam o “Cinturão pélvico”. Na ação incompleta, as pernas são inclinadas para frente, enquanto eu na ação completa as pernas são inclinadas para trás, numa posição rígida, para estimular as secreções do pâncreas, na área abdominal.

YOGA MUDRĀ, O Gesto da União – Esse Mudrā é feito na pose de Lótus, Padmāsana. Há um grande número de versões sobre a posição das mãos nesse Mudrā. Numa as mãos são cruzadas na altura dos pulsos e colocadas sobre a sola dos pés. Numa segunda, as mãos são simplesmente colocadas com as palmas para baixo, sobre as solas dos pés. Numa terceira, uma mão agarra o pulso da outra, atrás das costas. Numa quarta, as mãos são colocadas juntas, dedos virados para cima, no meio das costas, numa posição chamada Haṁsa Mudrā. Em todas, a cabeça inclina-se em direção ao solo; faz-se a respiração baixa no Sūkṣma Prāṇāyāma até atingir a quietude da união psicofísica.

MAHĀ MUDRĀ – O Gesto Poderoso – É usado para o controle do fluxo respiratório, e, especialmente, para o controle da respiração alta, que afeta tão freqüentemente os asmáticos e outras pessoas com problemas respiratórios. A posição começa em Vajrāsana. Abaixa-se a cabeça até o chão, expirando. Então, levantam-se os braços bem alto, para conseguir uma respiração maior, desde as extremidades dos lobos.

PASHINI MUDRĀ, o Gesto do Laço – É uma postura complicada de Haṭha Yoga. As pernas se cruzam atrás da cabeça, enquanto o corpo se reclina para frente. Estimula toda a área da espinha dorsal, em conjunto com os chakras. É também conhecida como YOGA NIDRĀ MUDRĀ.

ŚAKTI CHALANA MUDRĀ, o Gesto da Śakti em Movimento – É uma postura sentada, onde os pés estão em Guptāsana (a postura escondida) com um calcanhar contra o Nadiyoni e outro contra a raiz bulbosa do pênis.

ŚAKTA CHALANI MUDRĀ, o Gesto para Enviar Śakti a Śakta – Esse Mudrā é executado na posição de Śakti Chalana Mudrā. É também conhecido como AMAROLI MUDRĀ. Implica no kumbhaka (retenção do ar) por 64 segundos; daí, segue-se a Śūnyaka, expiração que dura 32 segundos. Depois, executa-se a rápida ação do Nauli Kriyā (bombeamento) 55 vezes sem a necessidade de respirar.

VAJROLĪ MUDRĀ – O Vajrolī consiste de duas partes para excitar a “ação” da faísca” do plexo solar. Na primeira parte, na posição sentada, levantam-se ambas as pernas, mais alto que a cabeça. As mãos fazem pressão contra o solo, para que se possa atingir o mais alto possível o levantamento das pernas. Na segunda parte, seguram-se os tornozelos com as mãos e coloca-se a cabeça contra os joelhos. O equilíbrio do peso do corpo está na parte mais baixa da coluna vertebral. Há uma pressão muito forte, enquanto se executa o Bandha Trayam.

SAHAJOLI MUDRĀ, Gesto do Poder Natural – Executa em Shirshāsana (pouco na cabeça). Consiste de duas partes: na primeira parte, faz-se o Maṇḍuka Mudrā (rā): juntam-se as solas dos pés e há uma pressão muito forte enquanto se está sem ar nos pulmões. Na segunda parte, as pernas ficam entrelaçadas no Garuḍa Mudrā (pose da águia). Esticam-se as pernas para cima, enquanto se faz uma inspiração profunda.

AMAROLI MUDRĀ – Cria-se a Amrita ou Ambrósia celestial em duas partes. Executa-se como Śakta Chalani Mudrā.

MATANGINI MUDRĀ, o Gesto do Elefante – É uma técnica de sugar água pelas narinas, levando-a ao estomago, depois a expulsando novamente, provocando secreções em certos centros cerebrais e na úvula da garganta.

BHUJANGINI MUDRĀ, o Gesto da Deusa Serpente – Esse Mudrā é executado na mesma posição da Bhujangāsana. Uma poderosa força dévica é libertada durantes a expulsão do ar pela boca, associando como uma cobra excitada, ao atingir-se a posição. Cura a neurastenia e negatividade, pela secreção de fluidos glandulares no cérebro.

HAṀSA MUDRĀ, o Gesto do Cisne – Nesse Mudrā colocam-se as palmas das mãos juntas, atrás das costas, como asas de um cisne. A mesma posição com as mãos juntas na frente do corpo chama-se NAMASKAR MUDRĀ. Quando as mãos juntas são colocadas sobre a cabeça e ANJALI MUDRĀ.

GARUḌA MUDRĀ, o Gesto da Águia – Cruzam-se as mãos na altura do pulso, com as palmas juntas, forçando as correntes nervosas a passar de um lado do corpo para outro.

SHANMUKHI MUDRĀ, o Gesto das Seis Aberturas – É uma posição das mãos, fechando os seis orifícios da face. O Mudrā desperta sons interiores do Divino Dhun, o Shabdha Brahman. É também chamado de “gesto de observar-se por dentro”, ou PARANGMUKHI MUDRĀ, assim como SAMBHAVA MUDRĀ, que significa (gesto do equilíbrio). Também é chamado de YONI MUDRĀ, ou gesto do ventre (útero). Yoni é chamada também de Kula e no Tântra de KAULA MUDRĀ.

AŚVINI MUDRĀ, o Gesto do Cavalo – A finalidade é fazer uma contração anal chamada MŪLA BANDHA, nos músculos do esfíncter anal, e, rapidamente, contrair e relaxar, como a ação de defecar de um cavalo, (Aśva).

MUDRĀS DO PRĀṆĀYĀMA

No Prāṇāyāma, que é a ciência do controle das forças da vida, empregam-se certos Mudrās para auxiliar o controle da respiração.

KAKI MUDRĀ – é um gesto com a boca, em forma de bico de corvo, para expelir o ar no Dhauti Prāṇāyāma, chamado Mukha Bhastrika. O Mudrā controla os nervos do plexo glossofaríngeo. Os lábios mantêm-se apinhados, como quando se assobia.

KAKACHANDRA MUDRĀ – Nesse Mudrā enrola-se a língua em forma de tubo, como a língua de um corvo. O gesto é usado para absorver ar no Sitāli Prāṇāyāma.

NASARGA MUDRĀ – Nesse Mudrā, a mão direita controla a respiração, de maneira que somente uma narina pode se movimentar de cada vez. O segundo dedo e o terceiro dedo são virados para baixo, sobre o nariz, o polegar contra a narina direita, o anular e o mindinho contra a narina esquerda. É também chamado NASIKA MUDRĀ.

VIṢṆU MUDRĀ – Nesse Mudrā, coloca-se a ponta do dedo médio da mão direita num ponto entre as sobrancelhas, na raiz do nariz. O indicador fecha a narina direita e o anular fecha a narina esquerda. O mindinho e o polegar formam um “V” bem aberto.

APRAAKASHA MUDRĀ – é um Mudrā cuja ação e a de engolir após a inspiração, permitindo controlar o Apraakasha Bindu, centro respiratório da parte inferior do cérebro.

BANDHATRAYAM MUDRĀ, a Tripla Retenção – É empregado no Prāṇāyāma e usualmente classificado como Bandha, quando há utilização do kumbhaka (retenção do ar). Em certas circunstancias, utilizam-se Mudrās, ou se torna um Mudrā, quando envia energia ao Trigranthis (triplas barreiras de nós) ao longo do  Nāḍī Suṣumnā, na espinha dorsal.

JĀLANDHARĀ BANDHA – Une o queixo com o encaixe jugular, depois do Mayur Mudrā. Mayur é um pavão e o seu gesto força o queixo para frente, deslocando a área cervical mais alta da espinha, para uma chave adequada de queixo (Jālandharā).

MŪLA BANDHA – É a contração dos músculos do esfíncter anal, depois do Kumbhaka. É às vezes chamado de luma Mudrā. Chama-se ŚAKTI MUDRĀ quando o corpo está levemente inclinado para frente, enquanto se faz o Jālandharā Bandha e o Mūla Bandha.

UDYĀNA BANDHA, A Contração da Elevação – É executado depois de expelir o ar. O estomago é levantado como um tanque (bolsa). Daí o nome Tadaga Mudrā. A mesma posição é também chamada Nabi Mudrā. Quando o Bandha Trayam é empregado, com uma lenta retenção de ar, com os pulmões cheios ou vazios, chama-se AMAROLI MUDRĀ. Enquanto se executa o Amaroli, emprega-se a posição das mãos que leva o nome da NATARAJA MUDRĀ: o indicador e o médio ficam estendidos, enquanto o anular e o mindinho são cruzados, sendo que o mindinho da mão direita fica por trás do mindinho da mão esquerda. Os polegares também ficam cruzados, sendo que o direito fica por cima do esquerdo.

PACHA DEVI MUDRĀ – Consiste numa série de cinco gestos secretos para controlar as Śaktis e as Devis dos chakras da espinha dorsal, enquanto se executa o Amaroli Mudrā. Estes Mudrās são também chamados ĀKARṢAṆA MUDRĀ, quando a intenção é atrair a Devi. Ākarṣaṇa significa fascinação.

MUDRĀS PARA MEDITAÇÃO

Muitos gestos estão pintados em quadros de deuses e deusas associados com os chakras, enquanto que outros são usados para poses de concentração e meditação.

ABHAYA MUDRĀ, Gesto de Intrepidez (para combater o medo). É uma posição com as palmas das mãos abertas. Os dedos da mão direita são dirigidos para o alto.

JÑĀNA MUDRĀ, Gesto da Sabedoria – O polegar e o indicador ficam unidos no símbolo do Ākāśa e os outros dedos matem-se bem esticados.

CHIN MUDRĀ, Gesto da Consciência, do Conhecimento – O indicador toca a primeira junta da articulação do polegar; semelhante ao Jñāna Mudrā.

ĀKĀŚA MUDRĀ, Gesto do Espaço – O polegar e o indicador ficam unidos no símbolo do Ākāśa e os outros dedos ficam ligeiramente curvados para dentro.

BHAIRAVA MUDRĀ, Gesto do Terrível Śiva – As mãos ficam soltas no colo (sobre as coxas) as palmas viradas para cima, a mão direita sobre a esquerda. O gesto oposto chama-se (Durga) Bhairavī Mudrā (mão esquerda sobre a direita).

YOGA MUDRĀ, Gesto da União – Mãos no colo, sobre as coxas. Os dedos ficam entrelaçados, com a mão direita superior à esquerda.

CHAKRA MUDRĀ, Gesto da Roda – Encostar as costas das mãos ao lado dos lobos inferiores dos pulmões, com os dedos virados para cima.

NAMASKĀRA MUDRĀ, Gesto da Saudação – Com as palmas das mãos juntas, em forma de prece.

ANJALI MUDRĀ, Gesto da Aclamação – Colocar as mãos sobre a cabeça em Namaskāra Mudrā, É empregado para saudar o guru.

BHŪMI SPARŚA MUDRĀ, Gesto de Contemplar o Sol – Enrola-se o dedo indicador da mão direita, de modo que fique uma pequena abertura, através da qual pode-se contemplar o sol.

MAHĀBHINIṢKRAMAṆA MUDRĀ, Gesto Supremo da Renuncia – É a posição das mãos, com a qual o Buddha é usualmente representado.

Alguns escritores modernos de Yoga descrevem somente alguns Mudrās em seus livros. Sri Yogendra descreve 12 Mudrās, considerados de controle neuro-muscular e 10 Mahā Mudrās que chama de “processos Ideonervi”. Swami Kuvalayānanda refere-se a 5 Mudrās, um dos quais não é comumente mencionado por outros escritores, chamado Siṁha Mudrā. É uma colocação especial da mandíbula e da língua, enquanto se faz o Siṁhāsana. Swami Satyānanda Sarasvati descreve 6 Mudrās. O Kaki Mudrā é descrito como um bico de corvo, que se faz com a boca, para permitir a absorção do ar (aqui descrito como Kaka Chandra).

KECHARI MUDRĀ – Esticar a língua com pinças de ferro ou com os dedos, depois de massageá-la com manteiga. No processo final, deve-se contemplar o ponto no centro das sobrancelhas, enquanto a língua deve passar através da cavidade superior do palato.

NHUJANGINI MUDRĀ – Beber, isto é, absorver o ar abrindo bem a boca; assemelha-se ao Sitāli Prāṇāyāma.

SAMBHAVI MUDRĀ – Dirigir os olhos para o ponto que fica entre as sobrancelhas e meditar sobre o EU.

NABHO MUDRĀ – Dirigir a língua para cima, contra o palato, enquanto se faz o Sambhavi Mudrā.

MAHĀVEDHA MUDRĀ – É um Bahir Kumbhaka, segurando a respiração sem ar nos pulmões (este Mudrā está descrito aqui como Bandha Trayam). Há inúmeros outros Mudrās, descritos de forma semelhante, em esculturas e pinturas antigas. Cada um tem seu sentido e valor particular.

ŚAKTI MUDRAS

OLI MUDRĀ – Os seis Oli Mudrās clássicos, os gestos do poder, transformam energias menores (incluindo a da força vital no sêmem masculino e no óvulo feminino) em Tejas (poder do fogo) e Ojas (energia mental criada do sêmem masculino). Representam uma disciplina rígida no sistema do Laya Yoga. São chamados, ás vezes, de Śakti Mudrās.

KALI MUDRĀ, Gesto de Kali – É uma técnica para produzir a hibernação dos processos corporais. Um estado de suspensão de atividades corporais. Este estado de suspensão de atividade assemelha-se á morte. Ainda assim o yogui está bem vivo, apesar de “ausente” internamente (ausência interna). Não há respiração, nem pulsações do coração. Acredita-se que Lázaro, da Bíblia, caiu neste estado. George Lamsa declara que Jesus ensinou o Kali Mudrā a seus discípulos. Na versão aramaica da Bíblia, feita por Lamsa declara que Jesus ensinou o Kali Mudrā a seus discípulos. Na versão aramaica da Bíblia, feita por Lamsa, Jesus usa a palavra “Yoga” 3 vezes e fala de muitos estados e técnicas do raja Yoga. Ele pratica Jala Stambham (andar sobre as águas) e Vaju Stambham (voar no espaço). Declara a Maria, irmã de Lázaro, que este não está morto, mas que executou o kali Mudrā de maneira imprópria.

KHECHARI MUDRĀ – Literalmente Khechari significa “vaguear através do espaço”. É a mais estranha das práticas do Mudrā. O frenum ligam (o fio que segura a língua) é suavemente cortado, de modo que a língua se torna mais comprida e, depois, mais forte e pode, assim, ser dobrada para trás, dentro da cavidade nasal. Em alguns casos, a língua é seccionada em duas partes e torna-se então JĪVA DEDHANA MUDRĀ.  

OBRAS SÂNSCRITAS E MODERNAS SOBRE NYĀSA E MUDRĀ

Tanto a literatura antiga como a moderna são extensas a esse respeito. Além do Śiva Saṁhitā , Haṭha Pradīpikā, Gheraṇḍa Saṁhitā e outros textos populares sobre o yoga Hindu, existem ainda ricas fontes a respeito do Yoga, Tântra e sobre o misticismo do Yoga Mudrā; Yoga Tattva Upaniṣad, Arymamjuddhrimula Tântra, Kāmaratna Tântra e Mahānirvāṇa Tântra. O Jakava Saṁhitā descreve 58 Mudrās. O Jñānanarnava Tântra e o Nityasodasekarnava descrevem 30 Mudrās, muitos dos quais parecem ser os mesmos Mudrās. ViṣṇuSaṁhitā dá 31 Mudrās, mas declara que poderiam ser inúmeros, dependendo da vontade do curador. Duas obras sobre Nyāda e Mudrā descrevem 9 Mudrās principais, mas diferem nos nomes e descrições. O Kamala Vilāsa dá: Avahan, Sthapini, Sannidhāpana, Sannirodha, Sammukhī Karaṇi, Sakalīkṛṭi, Avajunthana, Dhenu em Mahā Mudrā. O Kāmapāla Vilāsa Kaumudī enumera: Trikhaṇḍa, Sarva, Sankhosbha Karaṇi, Sāravidrāvinī, Mahānkusha, Akārṣṇi, Unmadini, Yoni, Bīji e Khechari Mudrā.

O Nighaṇṭu Tântra é um glossário de Mudrās e Nyāsas. Descreve 9 Mudrās que podem ser usados para qualquer espécie de culto, tal como o Avahani, que é o gesto de segurar um flor, e Kampala Vilāsa. Dezenove Mudrās são descritos para o culto de Viṣṇu, 10 para o culto de Śiva e 7 Mudrās para invocar Ganesha ou Ganapathy. O Mudrās para Viṣṇu são: Sankha, Chackra, Garuḍa, Padmā, Venu, Srivatsa, Kautubha, Narasiṁhi, Vārāhī, Haragrivi, Dhanu, Bana, Parāsu, Jagan-Mobini, Vami, Vanamāla, Jñāna, Vidyā, e Gada. Para Śiva os Mudrās são: Liñga, Yoni, Trisula, Aksamala, Abhiti (também incluindo Abhaya e Mriga), Asika Khatvañga, Bamaru, Kapala e Padma. Para invocar Ganesha, são: Dante, Añkuśa, Avigna, Paśu, Ladduka, Karnam e Bīja Pura Mudrā.

Nyāsas e Mudrās também são descritos e enumerados no Kulanarva, Jayākhyā Saṁhitā , Prapañchasara, Śāradātilaka, Garuḍa Purāṇa, Bhagavata, Kalkipurāṇa, Smṛtimuktāphala, Brahma Purāṇa e Varasakriyā.

No Budismo Tântrico da Índia, China e Japão há excelentes obras, muitas agora disponíveis em traduções para o inglês ou francês: Mudrā -Mudda, Buddhist Hand Symbols, Original Inhabitants, Introduction to Tantric Bhuddhism, Two Vajrayāna Works, A Dictionary of the Secret Tantric Syllabic, Essays in Zen Buddhism, The Mirror of Gesture, são somente algumas dessas obras. A filosofia geral do Mudrā encontra-se em vários livros, como; Kathakali and the Diagram of Hand Poses, Lês Kathakalis du Malabar, Simla Village Tales, Folk Tales of Kashmir, The Secret Messages and Symbols used in Indua e Moudra et Hast ou lê Langage par Signes. Gesture in Simarian and Babylonian Prayer; La Passion D’ Al Hallaj, Martyr de L’Islam e Mention du Mond Divine, são fontes de referencias para posições de mãos, pés, corpo, empregadas pelo Sufis e pelos magos.

Todavia, em Yoga e Tântra, Mudrā é mais do que uma linguagem por sinais. É aquilo que leva a própria União e é igual ao Mantra e ao Pūjā. Na verdade, numa forma de Tântra, o Mudrā é elevado ao estado de Divindade e acredita-se ser a divindade que preside o Chakra Maṇipura. No Yoga há Tântra tradicionais, Rudra o Śiva primitivo, preside o centro deste plexo solar. O Mudrā ocupa, então, uma posição importante. No Laya Yoga, associa-se o Mudrā a Śakti invocada ou a Davi, num determinado chakra ou Padma ( Laya Yoga é o Yoga usado para recolher e tornar latentes no corpo todos os poderes e tendência, emoções e a mente inferior ). O Pañcā Devi Mudrā é um Mudrā que consiste em 5 partes, para invocar e depois, controlar as Śaktis. Nos ensinamentos secretos do yoga, repete-se insistentemente que para o não iniciado (leigo), o principiante em yoga, os Nāḍī s ou centros nervosos precisam estar limpos de toda impureza, e todas as obstruções são removidas pelos Mudrās. Na pratica atual, emprega se uma forma de Bandha Trayam no Prāṇāyāmas, para remover 3 obstruções  psíquicas que se chamam Trigranthis. Enquanto se emprega o Mudrā para despertar a deusa adormecida Kuṇḍali e sua Śakti, a Kuṇḍalinī Śakti. O Tadā Mudrā, gesto do golpe é usado para esta finalidade, l empregando-se então o Mudrā para as 5 Mātrikas ou “mãexinhas” e parta as Śaktis ou Devis dos 5 metros da espinha dorsal, Ensina-se o Śakti Chalana Mudrā como um dos Mudrās mais importantes para o despertar da

Śakti. No Haṭha  Yoga, ensina-se como uma postura física, mas as escolas secretas do Kuṇḍalinī Yoga incluem-se entre os seis Mudrās secretos. Os Oli Mudrās, muito velados com poderes sexuais, são uma pratica dinâmica do Yoga, dividida em três ramos principais, cada um contendo duas partes, o Vajrolī Mudrā tem dois gestos, o Sahajoli também tem dois gestos, onde a Maṇḍuka Mudrā é empregado em uma parte e o Garuḍa Mudrā na outra, No Amaroli Mudrā na outra, No Amaroli Mudrā a também duas partes, sendo uma o Śakti Chalana Mudrā e outra o Śakta Mudrā. Nos Kapalas místicos, o autor declara; “aquele que conhece a natureza desses seis Mudrās, que entende o Mudrā mais sublime, que medita sobre si mesmo, como na pose chamada Bhaga Āsana, alcança oNirvāṇa”. Os seis Mudrās secretos não deveriam ser mal interpretados ou confundidos com certas praticas de Haṭha-Yoga, mais corretamentes chamadas de Vajra Karmas, em que um tubo é inserido no pênis, servindo para espirar vários líquidos até a bexiga. Água, leite, mel, mercúrio, Ghee e a “Kama Sila” feminina são empregados em alguns ritos tântricos de Vāma Mārga, do mesmo modo. Eles podem ser incluídos aqui, mas não no Yoga oculto ou secreto. Khechari e Kali Mudrā são freqüentemente relacionados com variações sexuais, porem de maneira incorreta.

Vāma Mārga Tântra, denominada o caminho da “esquerda” do Tântra, detem-se demoradamente no uso do Mudrā por sua perversão sexual. Mudrās são gestos usados para o despertar da paixão sexual, assim como posições para o ato sexual empregadas pelos participantes. O Mudrā também é usado para descrever as instruções dadas pelo guru Tântrico ao homem e a mulher que devem ser iniciados nestes ritos de Vāma Mārga. Na verdade, a mulher é chamada Mudrā, e assim é elevada à situação da Devim a deusa.  Vāma Mārga, o Tântra da “esquerda” possui cinco escolas e o termo Vāma é também usado para significar a mulher. Vāma, Devi e Mudrā são, desta forma, sinônimos e, assim, estas escolas poderiam ser chamadas de Mudrā Tântra, Devi Tântra ou Vāma Tântra. Encontra-se o termo Mudrā também nos Pañcā Makāras ou os cinco atos simbólicos que caracterizam os ritos e cerimônias Tântricas. Diz-se que Mudrā, ai, significa a ingestão de grãos torrados. Também pode, porém, significar o ato sexual de Cunnalingas ou Phallatio. O contato da boca com os órgãos sexuais. Diz-se que isto acelera a ascensão de Kuṇḍalinī, se conseguir a imobilidade, da mente e do Sêmen. È imprescindível que o sêmen seja contido.

Nas cinco escolas de Dakṣiṇa Mārga Tântra, chamados de caminhos “Direito”, o corpo físico é considerado o pólo negativo ou a mulher, e a mente é o pólo positivo ou o homem, A perfeita união entre a mente e o corpo, pela aplicação correta de Āsanas, Mudrās e Kriyās, tudo remove no caminho da Kuṇḍalinī Śakti, despertada pelos Antara Mudrās, pela supressão das forças pranicas e pela eliminação dos obstáculos psíquicos. A força sexual e transformada em Tejas e Ojas e, assim, retorna-se ao Nirmanakaya, o corpo celestial. É impossível principiar o despertar e a ascensão da Kuṇḍalinī Śakti sem as preparações espirituais, relacionadas com as disciplinas morais (Yama) e a ética (Niyama). Efetua-se o verdadeiro despertar da Devi e a sua ascensão através dos Chakras, interrompendo todas as formas de respiração no Kumbhaka, enquanto o corpo executa os Oli Mudrās. Recomenda-se o uso do Khechari Mudrā com os seis Mudrās mencionados anteriormente. Quando a poderosa Kuṇḍalinī Śakti se funde com o seu Supremo Senhor no Brahmarandhra, realiza-se a completa união celestial, o casamento divino. Ambos, Yoga e Tântra, concordam que este é o fim, o cessar da sucessão de nascimentos e renascimento, ou como o Buddha afirma “o fim de toda a dor e sofrimento”.

No Gheraṇḍa Saṁhitā, o autor receita o uso do Mudrā para se alcançar as sete etapas da realização do Yoga. Este Sthirata é um Siddhi ou uma realização psíquica. Todos os textos antigos são de opinião que, se os Mudrās são executados com a mente passiva, isto é, exteriorizada, os siddhis serão conseguidos. Mas também afirmam que, se a mente “se volta para dentro”, então a prática dos Mudrās trará a realização da suprema União com o Eu. A manifestação externa deste “voltar para dentro” da mente é um Riddhi, conhecido como prosperidade psíquica. Riddhi é ter toda a riqueza, saúde e felicidade do mundo, sem estar preso as condições do mundo material.

Quando se pratica um Mudrā no Pratyāhāra (controle e afastamento dos sentidos), no Dhāraṇā (concentração) e no Dhyāna (meditação), é necessário que se adote uma atitude mental apropriada ou a Mana Mudrā. O Mudrā pode se servir das mãos, como no Hastha Mudrā, ou dos pés, como no Pāda Mudrā, ou da mente, como no Mana Mudrā, ou do corpo: como no Kaya Mudrā. A mente executa tão profundamente o gesto, que se torna possível manter a atitude mental ou o Mudrā mental durante longo tempo após o termino da concentração ou da meditação. A atenção constante da mente para com a Natureza Suprema é o gesto mais sublime, chamado Parama Mudrā.

This entry was posted in Swami Gitananda and tagged , . Bookmark the permalink.

Comments are closed.