Pran em Yoga e Ayurveda

AwarenessPor: Prof. V. K. Sharma
Shastri, B.I.M.S.
Por: Dr. Yogesh Chandra Misra
B.A.M.S., Ph.D.

Yoga Awareness – 1981
Traduzido por:
Iva Gicovate

Na literatura Védica, Pran é uma palavra comum para todos os tipos de energia seja ela solar, atmosférica, gravitacional, magnética, nuclear, biológica, psíquica ou espiritual. É um instrumento pelo qual o imperceptível entre no raio de ação da percepção. A causa última sem forma do mundo, dá-lhe qualquer nome, Deus, Atman ou Brahman que se manifesta numa forma cinergética, que se chama Pran.É uma arma nas mãos do poder supremo, pela qual controla sua criação.

A palavra Pran foi completamente descrita no Atharvaveda. Pran é o poder supremo do mundo. De acordo com a descrição do Atharvaveda a energia atmosférica na forma de nuvens cheias de água, rugido e trovão, que levam vida ao reino vegetal, é a manifestação do Pran. Através do Pran o reino vegetal ganha ímpeto para germinar, crescer e disseminar. É através do qual que a vida Vegetal se estimula. A fragrância e sabor do reino vegetal não são nada senão o Pran de uma outra forma.

Os rishis védicos eram bem versados com o entrar e sair bem como com o metabolismo da energia. Eles chegaram a este conhecimento pela auto-observação com a ajuda de meditação. Chegaram à conclusão que o pensamento da mente ativa não é nada senão a forma refinada da energia. A energia da mente parada voluntariamente ainda é a melhor forma da energia que se torna eficaz na forma de siddhis de yogues. O Pran do Atharvaveda, um termo para todo tipo de energia que é restrita à respiração na literatura mais recente. No Ayurveda também as funções do Pran foram categorizadas na forma de Vata e respiração apropriada. Vata e Pran podem ser definidos como sinônimos com base em sua palavra raiz. Vaa e an são as raízes, respectivamente, geralmente usadas para o mesmo significado, do qual as palavras derivaram. Desta maneira a energia nervosa ao fluir pelo cérebro e sistema nervoso, oxigenação, a variação de pressão sentida pela respiração, a corrente de reações químicas e seu rendimento energético metabólico, são cobertos por Vata e Pran. O sistema Yóguico também liga a energia física da respiração aos seus resultantes na forma de energia nervosa e química. Pelos exercícios respiratórios a atividade mental pode ser interrompida.

Na literatura posterior de yoga, um sistema separado foi desenvolvido pelo nome de Hatha yoga. Neste sistema, através do controle das posturas do corpo e da respiração, o fluxo da corrente nervosa e as reações químicas são efetuados. A pergunta surge, como um exercício de respiração, que é limitado ao sistema respiratório somente e a postura definida do corpo que é limitada à parte inferior do corpo físico, ajudam a controlar a atividade da mente,  assento na qual o cérebro fica engaiolado em uma caixa óssea. É quase um fato certo que o cérebro seja o veículo pelo qual a mente age. Uma questão subseqüente surge, em que a mente se transforma quando o homem dorme. De acordo com os Upanishads e o sistema yóguico, a mente penetra o Pran durante o sono. Esta conclusão é baseada nos resultados adquiridos através dos exercícios meditativos. Com referência ao yoga que é uma disciplina tanto da mente como do corpo, o Pran atua como um agente de ligação entre a psique e o soma. O Yoga darshana de Patanjali dá muita ênfase ao controle da mente pela meditação, mas não ignora a disciplina do corpo pelos asanas e pelo pranayama. Na verdade, o Pran é o elo entre o corpo grosseiro e a consciência. O dito “Pran Bandhanam hi manah”é o ponto base onde  todo o sistema de yoga está fundamentado. Na hora da morte a mente entra no Pran para sempre, o qual nele se torna uma chance de renascimento.A força da vida básica é armazenada no Karmashaya na forma de Vasanas ou desejos. Este Karmashaya é transferido vida após vida para o cumprimento de desejos antigos e acúmulo de novos desejos pela atividade da vida. Karmashaya é um armazém onde o prana é estocado numa forma potencial. Na oportunidade apropriada, esta energia em potencial é convertida em forças biológicas e psíquicas.  

Um exemplo é dado para explicar a idéia. É uma experiência comum quando um fluxo de energia é requerido ao chutar, saltar ou em levantamento de peso, o homem para de respirar momentaneamente. Denota que a respiração tem uma relação direta com a energia do corpo. Com esta pista o pranayama ou exercícios respiratórios foram indicados. Também se nota que a atividade sexual é um canal usual pelo qual a energia da mente e do corpo é drenada. É por isto que foi dada muita ênfase na abstinência sexual. É uma experiência comum e bem estabelecida que a retenção voluntária do sêmen direta e proporcionalmente intensifica a força do Pran i.e. energia do corpo. Realmente, Brahmacharya (abstinência) é fator sine-qua-non para a elevação espiritual, como também o bem-estar físico e mental do homem. Assim foi narrado “Nayamatma Bal hena em labhyah iti”. Virya é uma palavra comum que é usada para sêmen e energia. Todo o processo de Brahmacharya envolve a preservação, purificação e sublimação do sexo ou bindu. A sublimação do sexo leva ao tipo superior de atividade moral e intelectual. A palavra Bindu que é às vezes definida como sêmen, ponto focal ou objetivo central tornou-se uma palavra enigmática no Yoga e Tantras. A função básica do Bindu é que toda a criação vem dele e vai para ele na hora do cataclisma.

O Bindu do Tantra é o Hirdaya (coração) dos Upanishads. Durante o sono a consciência entra nele e quando acordada sai dele como se criando todo o mundo outra vez biologicamente. O cérebro é considerado o assento da consciência. As impressões Samskaras colhidas durante o estágio acordado são reproduzidas no estágio do sonho. A bagagem psíquica e física do ser é responsável pelo genes e herdada pelos espermas. O acúmulo e reprodução desta bagagem dão o nome de Bindu ao fluido espermático.

O Hathayoga Pradipika resume a realização do Hathayoga da seguinte maneira. “Até que Vata i.e. corrente nervosa é (domada) conduzida a entrar no caminho central i.e. o Bindu até que o fluxo para baixo da descarga de esperma é condenado a ir para cima e o olhar da meditação se torna facilmente fixado em um objetivo final, se alguém clama que o objetivo está a seu alcance, ele é um charlatão. A aplicação da força mental e física no Pran principal – o Pran no qual o homem entra na hora de dormir – faz ele se mover e se transformar nas forças mais sutis. Isto é a conversão de tamas guna (inércia) em sattva (levitação) figuradamente, podemos chamá-la de o acordar, o surgimento e a submersão da Kundalini em Shiva, a entidade última.

Embora o Pran seja eterno, não tenha doença e necessidades, nenhum tratamento, ainda assim como já descrito no começo deste artigo, a saúde mental e física, é um ‘must’ para a elevação espiritual. Ayurveda tem uma abordagem integral para o corpo, mente e espírito. Para um homem que está buscando o objetivo final de sua vida; que quer o remédio permanente da doença pela realização do seu eu (self), a aptidão mental e física é o primeiro requisito. Mas, é essencial elevar-se acima do sentido do corpo. Até este estagio não ter sido atingido, regras de saúde física devem ser observadas. A fim se fazer o corpo o instrumento adequado o Ayurveda é a única resposta. Não é só um sistema de medicina, mas um caminho de preenchimento de uma vida com propósito. Estes fatores, a saber, alimentação, sono e abstinência sexual são essenciais à saúde.

Em relação ao Pran, Ayurveda usa o termo em varias dimensões. Assim, os pontos de afluência do Pran são descritos a saber, nas regiões temporais, nos três pontos vitais i.e. coração, bexiga, cabeça, garganta, sangue, anus e o reto. Ao descrever a quantidade e os canais de Pran, diz-se que a manifestação principal do Pran é o cérebro. As cavidades torácica e abdominal são o campo de atuação do Pran. Anormalidades das funções tais como respiração muito longa, irritada, pouco profunda e freqüente associada a som e à dor. Descrevendo as causas do vício, um Pran charak descreve como supressão geral da ação dos impulsos naturais por uma inação de debilidade geral, indulgência no alimento cheio de gordura, suportar exercícios enquanto faminto e outras irregularidades tão prejudiciais. Desordem do ritmo respiratório é comparada ao bater na raiz da arvore do sistema prânico, levando à doença mental e física.

Em companhia do resto que leva às respirações rítmicas, o Ayurveda usou certos medicamentos para a desordem Prânica que acalmam e regulam o sistema respiratório. Alguns destes métodos e medicamentos se preocupam principalmente com as cavidades torácica e abdominal e outros agem através do centro respiratório no meio do cérebro.

Não estarei saindo do assunto ao mencionar que o livro como manusmriti, que é considerado o compendio de código de conduta também enfatiza o pranayama para a elevação da conduta moral. O Hathayoga Pradipika que é uma autoridade em Hathayoga também fala, simplesmente, que pelo controle da respiração as impurezas físicas e mentais são queimadas.  

Conclusão      

O Pranayam que é principalmente o exercício de respiração, finalmente, atinge na raiz do reservatório de energia biológica e em troca o bem estar físico e mental é obtido.
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