A guerra dos mundos internos

Yogacharini Meenakshi  Devi Bhavanani

Por: Yogacharini Meenakshi
Devi Bhavanani 

Traduzido por Iva Gicovate

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Platão comentou há 2500 anos: “Seja bondoso para com todos que você encontre porque todos estão comprometidos na luta da vida e da morte”.Suas palavras soam verdadeiras mesmo hoje em dia. É difícil acreditarmos, por um lado, que por baixo de sorrisos e alegres cumprimentos, por baixo de conversas espirituosas e gestos elegantes de cortesia, por baixo de lindos saris de seda e vestidos de noite, e ternos e gravatas, cada coração esteja comprometido na luta de vida e morte. Mas, é verdade! Mas, quem luta contra quem? Quem é o herói e quem é o vilão, pois os dois pólos opostos devem emergir de cada conto épico. Qual é a causa do conflito? Como pode ser solucionado?É uma estória antiga, contada por cada cultura de diversas maneiras. Na Índia, a clássica estrutura para o combate eterno está contida no Mahabharatha, quando as forças da escuridão, egoístas e do mal chamadas Kauravas lutam contra personalidades virtuosas da luz e do bem chamadas Pandavas. Bastante interessante, há somente cinco Pandavas, mas cem Kauravas! Os Pandavas eventualmente ganham a batalha, mas não sem esforço e perda, dor e sofrimento. Muito ironicamente, sua vitória só é completada por Krishna que usa trapaça que beira à traição!Cada ser humano deve lutar contra as tendências malignas dentro de si mesmo, assim personificadas pelos Kauravas. Esta luta interna é um esforço solo, uma batalha pessoal e solitária do próprio individuo. A vitória é obtida somente com esforço próprio intenso. O Senhor Krishna diz a Arjuna no Bhagavad Gita, “Pelo Eu é o eu sozinho cultivado”. Uma expressão idiomática americana exprime a mesma verdade: você deve se melhorar por você mesmo sem a ajuda de outros. A melhor ajuda é a auto – ajuda.Muitos incidentes descritos no Mahabharatha e nos Puranas reforçam a idéias de auto – confiança nesta guerra dos mundos internos. Hanuman, como Bhima (que era um dos Pandavas) era filho de Vayu, o deus do vento. Assim eles eram meio irmãos. Hanuman, o guerreiro habilidoso e o supremo atleta,ofereceu a Bhima destruir os Kauravas. Mas, Bhima não aceitou, pedindo, ao invés, a benção de seu irmão mais velho, para que os Pandavas tivessem força para destruir, eles próprios seus adversários.As forças externas podem ajudar o individuo a sair-se bem ao oferecer bênçãos e boas palavras, tais como aquelas recebidas do Guru e dos mais velhos e deuses. Mas, estes personagens venerados só podem dar bênçãos e o aspirante deve fazer seu próprio trabalho. Ninguém pode lutar esta batalha interna por outra pessoa. Cada um deve lutar por si mesmo.Qualquer bom general terá sua própria estratégia. Têm-se muitos ‘guerreiros’ sob seu comando ‘para batalhar por uma boa luta’. Da mesma maneira, muitos oponentes surgem para resistir a estas forças positivas. Pensamentos positivos atraem a energia de bondade cósmica para o campo de batalha, dando poder ao lado da justiça. Pensamentos negativos atraem as forças cósmicas da escuridão, do mal, para dentro investindo contra o equilíbrio do lado oposto.Suas próprias formas de pensamento são os soldados que devem lutar na batalha. O exercito interno deve ser mantido em forma de combate, ao alimentá-lo com pensamentos, palavras e feitos nobres e corretos. Estes pensamentos guerreiros devem ser ‘exercitados’ na vida cotidiana para ficarem fortes – pequenos atos de bondade, alegria, habilidade, paciência, persistência, habilidade na ação, atenção, disciplina – todas as qualidades antigas de caráter devem ser afiadas para ‘lutar bem’. Gostar atrai gostar e as forças Cósmicas de bondade afluirão como reforços para a batalha ‘se tornar uma onda’ no momento crucial. Os muros da fortaleza devem ser feitos fortes para resistir às hordas (bandos) bárbaras dos impulsos negativos, os quais se irradiam para todo lado na sociedade moderna.O comandante em chefe das forças negativas é o ego, o Ahamkara. Quando se procura seu próprio prazer e auto-glorificação, isto é chamado de Bhoga Vritti. Este tipo de motivação atrai forças negativas de outros, que igualmente não têm um objetivo maior do que seu próprio prazer. É um caminho sem saída.Tyaga Vritti, ou a forma de pensamento de renuncia ao seu próprio prazer, atrai o exercito dos impulsos positivos. RENUNCIA EM SEU MAIS VERDADEIRO SENTIDO É ESSENCIAL PARA A FELICIDADE. Mahatma Gandhi gostava muito de um verso do Isa Upanishad, talvez o mais antigo Upanishad. A passagem que ele sempre mencionava era ‘Om isha-vaasyam-idam sarvam yatkuncha jagatyaam jahat; Tena tyaktena bhunjithaah maa gridhah kasya swid-dhanam’ – ‘Deus permeia tudo, todos os seres viventes e a matéria inerte. Portanto, renuncie e desfrute. Não cobice a riqueza dos outros’.A mensagem é alta e clara. Quando se é apegado a alguém ou a alguma coisa, não se pode desfrutar, por medo de perdê-la. Renuncia – Tyagi – pertence ao ‘exercito bom das qualidades’ e Bhoga (prazer, apego – Raga) pertence aos bandos negativos.As escrituras estão cheias de estórias de deuses e demônios. Vários termos são usados para descrever estes dois níveis de seres. Deuses são Suras e Daityas – amantes da luz, bondade, ordem e harmonia. Asuras são demônios – amantes da escuridão, da sensualidade egoísta, da desordem, caos, desarmonia, disputas, lutas. As duas forças estão em constante batalha, e é esta batalha que reina em todo peito. Estas mesmas forças são também Cósmicas e permeiam o Universo. Quando se cultiva os Daivas (Suras), as forças Universais de bondade afluirão como reforços. Quando se cultiva os Asuras, as forças da escuridão entram na alma da pessoa. Este é o antigo principio que ‘os ricos ficam ricos e os pobres mais pobres’ ou ‘a pessoa consegue mais daquilo que já tem.’

Em um sentido os seres humanos são pegos nem numa coisa nem em outra como o grande poeta inglês Alexander Pope observou, ‘o homem é metade-besta, metade deus, criado metade para se elevar e metade para cair’. Esta é a luta. O Homem é a encarnação de Manas (consciência) em um corpo animal (inconsciente instintivo). Esta criatura se torna homem quando cultiva conhecimento consciente que também implica em escolha. Escolhendo cuidadosamente cada momento os pensamentos que a pessoa permite ocupar a mente, as palavras que deixa sair por sua boca, as ações que escolhe para fazer, eis a estratégia para vencer a guerra.

É um alívio saber que toda a humanidade esta no mesmo barco. Quando alguém se comporta de uma maneira maligna, mais precisamente, de uma maneira ignorante, pois, realmente não existe mal, mas sim ignorância, pode-se sentir compaixão por eles estarem fazendo escolhas erradas e assim, com perigo de serem banidos na batalha. Quando, outro ser mostra qualidades nobres pode-se sentir feliz que as legiões dos bons estão sendo reforçadas.

Aí, torna-se natural ser gentil para com todos que se encontre: companheiros guerreiros no mesmo campo de batalha.
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